Os inconfundíveis olhos
negros e o sorriso tímido de Audrey Tautou já seria um convite e tanto para ver
o filme “La delicatesse”, mas não é a consagradissima atriz francesa que chamou
a atenção no longa, e sim o figurino do filme. Através dele podemos ver a
evolução da personagem Nathalie (Audrey Tautou) e como ela lida com os caminhos
inesperados de sua vida.
O filme conta a
história de uma jovem que se torna viúva e enfrenta dificuldades para retomar sua
vida normalmente, ela encontra no trabalho uma saída para lidar com o seu
sofrimento. Desde o começo e quando ainda era casada Nathalie era assediada
pelo seu patrão, um cara bonito e rico que é perdidamente apaixonado por ela.
No entanto o que surpreende nessa comédia romântica é quando a moça resolve
reaver a sua vida amorosa e ao invés de dar uma chance ao chefe ela se envolve
com Markus (François
Damiens) um sueco desajeitado e bem feio que nunca foi notado pelos colegas.
Ele mesmo não acredita que a bem sucedida e linda Nathalie se interesse por ele,
e tenta por diversas vezes fugir dela para que não se apaixone e
conseqüentemente sofra. É exatamente esse estranhamento que sentimos a
principio, que certamente é o mesmo da personagem de Audrey Tautou, que nos
envolve na trama pois, vamos nos acostumando com a idéia de um não galã assim
como todos os personagens no filme, quebrando estigmas assim que vamos conhecendo ele melhor. Numa comédia romântica americana, não seria
um Markus da vida que apareceria e salvaria Nathalie de seu luto, mas sim o
Ryan Reynolds ou o James Franco ou qualquer outro galãzinho bonitinho e
certinho e que não existe no nosso mundo real. Por isso que o cinema Francês é
fascinante. O filme não é perfeito e tem lá seus defeitos segundo a crítica
especializada, mas, é uma ótima dica para quem quer sair da mesmice e ver uma
coisa diferente e divertida para variar.
Bom, agora falando do que nos interessa o figurino do filme realmente é um show a parte. Podemos perceber uma leve inspiração no seriado americano Mad Men que é ambientado na década 60/70, apesar de o filme ser atual. No começo Nathalie usa vestidinhos floridos com uma pegada vintage, deixando evidente a inocência da personagem. Abusa dos casacões e anda sempre com uma bolsinha atravessada, mostrando todo seu romantismo nas roupas em que usa. O vestidinho de noiva então é uma coisa! Todo de rendinha e sem decote na parte da frente, somente um meio arco na parte de trás, mas, tudo muito singelo sem complicação, sem maquiagem, sem penteados elaborados, perfeito. Depois que começou a trabalhar em uma grande empresa ela começou a utilizar roupas mais formais, mas mesmo assim não perdeu o charme. As calças de cintura alta e as blusas trabalhadas com recortes, em sua maioria em tons pastéis, demonstram que é possível sim ser formal e elegante no serviço. Além disso, o astral da personagem contagia, já que nesse momento da trama ela ainda está casada e feliz. Com a morte do marido a tristeza de Nathalie também é visível por fora, as suas roupas ficam cada vez mais serias e os tons mais escuros. Belas peças de tricô e vestidos mais retos e sem decote dão o ar da graça no guarda roupa da protagonista e a saia lápis com textura que ela usa também chama bastante atenção. Em especial nos sapatos, ela usa uma sandália muita alta e fina na cor branca e detalhes caramelo, no qual ela usa com quase todas as roupas, mostrando também a versatilidade dessas cores, deixando claro que não é só o preto que combina com tudo. Quando começa a se envolver com Markus, as suas roupas voltam a ter uma corzinha mais alegre, o vermelho, o rosa, um vestidinho lindo azul cobalto e muita, muita meia calça para agüentar o frio de Paris. Até que coincidentemente quando ela e Markus finalmente ficam juntos ela usa o vestidinho florido de novo, como se voltasse a ser aquele menina romântica do começo. É visível o cuidado que tiveram com os figurinos nesse filme, não só o da personagem principal, mas, o de todos. Às vezes não temos a dimensão de como o nosso estado de espírito afeta o nosso visual, mas, aqui vemos claramente que mesmo inconscientemente nos expressamos através dele.
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