12 cenários memoráveis dos desfiles de 2015

Ermenegildo Zegna Fall 2015

Os modelos de Ermenegildo Zegna exibiram suas roupas dentro de uma floresta e sob o por de um sol tecnológico. Bolsas, mochilas e pochetes penduradas a tecidos em tons de marrom, verde e preto, se juntaram ao cenário para formar a fantasia de um Indiana Jones moderno e urbano. Super interessante, mas não é preciso colocar toda a nata fashion dentro de uma floresta para perceber que são ursos egocêntricos procurando uma presa para criticar e reputações para devorar.


Chanel Fall 2015

O Grand Palais fica irreconhecível a cada saison de moda em Paris. Em março, Karl Lagerfeld, um image maker em todas as áreas visuais, criou uma brasserie luxuosíssima para apresentar o outono inverno 2015/2016 da Chanel. Todos interagiram com o cenário, até as modelos, depois de desfilar, fizeram parte da história que remetia a uma Paris dos 20's vestida por Coco Chanel. Os olhares foram para as queridinhas de Karl: Cara Delevingne, Kendall Jenner, Lindsey Wixson, Joan Smalls e seu enteado que, vez ou outra, fecha os desfiles ao lado do kaiser.


Dior Cruise 2016 

Quase 70 anos depois que Pierre Cardin e Christian Dior trabalharam juntos, essa parceria reaparece na Riviera Francesa, mais precisamente no Palais Bulles, casa que Cardin comprou em 1992. A construção litorânea, ícone da arquitetura de Antti Lovag, serviu de muleta para as roupas joviais com estilo acessível e fresh (como um cruise deve ser) de Raf Simons. Antes do show,os convidados tiveram uma aula de petanca (não é peteca e sim petanca). Um deslumbre aos olhos -tanto Cannes quanto a casa- para rememorar os anos de ouro da Côte D'Azur.


Gucci Resort 2016 

A marca italiana viajou para América, mais precisamente para West 22nd Street, em New York city. Antes de entrarem no galpão onde se sentava todo o mainstream fashion e pisarem nos tapetes kilim, as modelos andavam pela rua, fechada por Alessando Michele para o show. Não só o indoor, mas o outdoor também fez parte da apresentação. Um exercício de democracia, já que, entre todos, a rua é o símbolo mais democrático. Mas democracia até onde, até quem? Pois em uma rua fechada, quem participa da performance? Ninguém.


Louis Vuitton Cruise 2016 

Kanye West, Selena Gomez e Catherine Deneuve foram alguns dos guests de Ghesquière para visitar Palm Springs. As guerreiras vanguardistas da Vuitton flutuavam de cara lavada, com confiança e possuídas de uma energia estranha pela casa inovadora e cheia de movimento de Bob Hope. O visual que mistura tecnologia, arquitetura minimalista orgânica e um deserto árido californiano como background foi uma mostra do que Ghesquiere está conseguindo fazer com a Louis Vuitton e com sua própria carreira (ele é tido como "o" diretor artístico do momento.) Atenção: a próxima coleção de Resort da Louis Vuitton será, de novo, fora do circuito europeu: Rio de Janeiro, Brasil!!!


Christian Dior Haute Couture Fall 2015 

Vários pontinhos brilhantes misturados a uma trama de metais ordinários formando um espaço magistral e surreal. No meio do Museu Rodin, os presentes estavam com calor, é verdade, mas também estarrecidos com o labirinto colorido de Raf Simons. O tema da coleção foi "Fruto Proibído". Ao entrar das modelos, não deu pra reconhecer muito bem como o tema foi incorporado à coleção, a não ser pela instalação que era um verdadeiro Jardim do Éden. Mas, sabe uma pintura impressionista? Bem de perto não dá pra entender nada, mas quando afastada, se enxerga e compreende o universo completo e complexo dentro daquele quadro. Não teve diferença entre um quadro impressionista e a Couture de Raf Simons.


Viktor & Rolf Haute Couture Fall 2015 

Há quem defenda a moda como uma forma de arte. Outros interpretam essa máxima como alienada. Anyway, é certo que, em alguns momentos, as duas se juntam. Viktor & Rolf desnudaram -literalmente- essa divergência de opinião em um desfile chamado performance, em que modelos, roupas, cenário e os próprios estilistas fizeram parte da apresentação. Tudo junto, intercalado. En fin, ostentando minha pós-modernidade, as roupas viraram arte ou só foram pregadas na parede como outro tipo de manifesto artístico? 


Givenchy Spring 2016 

Arte, cenário e moda se juntaram mais uma vez para firmarem uma imagem forte e dissidente, digna da Givenchy geração Ricardo Tisci. Pelo espaço dramático e decadente de Marina Abramović, as camisolas deluxe de seda com renda deslizavam pela passarela em contraste com um céu fim-do-mundo e todo o complexo de superioridade esnobe dos arranha céus de Nova Iorque. As modelos expressavam raiva e fome em uma maquiagem esquelética e cabelo Kim Kardashian. Parecia um terrorzinho delicado e cheio de dinheiro. Tudo isso mesclado a uma música só um pouquinho medonha, mas que fez Candice capotar e arranhar os joelhos.


Dior Spring Summer 2016 

O vício de monsieur Dior por flores é notável e a relação da marca com as flores nunca vai se esmaecer. Para a primavera/verão da maison foi montado um casulo gigante coberto por flores azuis. Só quem já comprou flores sabe o preço que se paga pelo cheiro e beleza delas. No documentário em tom de thriller Dior and I, quando Raf Simons decidiu cobrir todas as salas de seu primeiro fashion show no Hotel Particulier de flores, os bãbãbãs da marca e Bernard Arnault (CEO da LVMH) ficaram preocupados com o custo de toda essa megalomania. Mas, desde que Raf foi incorporado à marca, muito do que vemos é a tradição incorporada a uma visão contemporânea do belga. 

Depois de mostrar toda sua delicadeza incomparável em transparências, boudoir, alfaiataria e styling impecável, Raf apareceu com uma camisa azul royal, correu pela passarela, se despediu, e foi embora.  As primaveras de Christian Dior por Raf Simons já estão sendo convertidas em nostalgia e melancolia. RIP. 


Louis Vuitton Spring 2016 

Uma boa descarga de tecnologia, vídeo-games e luzes caóticas foram enviadas aos olhos de quem assistiu a primavera/verão 2016 da Louis Vuitton. O retorno do estilo sci-fi nos desfiles de Ghesquière veio acompanhado pelo jogo Minecraft e Evangelion, mangá japonês que teve trechos exibidos antes de as modelos entrarem na passarela -não à toa, a modelo Fernanda Mahou Shoujo (@warukatta) abriu e fechou uma das filas do desfile. O clima cyber-fantástico nos faz querer reassistir ao filme Tron e usar roupas high-tech cortadas a laser e viver uma odisseia intergaláctica. Ghesquière cyber-metralhou o mundo da moda com cyber-luzes. Essa overdose de curto circuito, todos cyber-amaram.


Balenciaga Spring 2016 

Alexander Wang se despediu da Balenciaga com um desfile romântico dentro de uma ex-igreja transformada em hospital. A locação mágica e mística do Hôspital Laennec, amplo, sóbrio, cheio de velas no chão e águas tranquilizantes, junto com as roupas fizeram do último desfile de Wang para Balenciaga ser cheio de significados. Faz lembrar a "White Collection" de Valentino Garavani em 1968, um pedido de paz mundial, e a interpretação contemporânea de Pierpaolo Piccioli e Maria Grazia Chiuri em novembro de 2014 em Nova Iorque.


Chanel Pre-Fall 2016 

Parecia um filme noir na fase áurea da Cinecittá. Mas era só Karl Lagerfeld teletransportando o mundo Chanel para Paris dos anos 50. Tinha boulangerie, açougue, cafés, praça... e tinha também meia calça de renda! Tinha tweed também.

Dá pra acreditar que Karl Lagerfeld levou toda a imprensa para o Cinecittá? Dá sim! Só não dá pra acreditar que eu não estava lá! E ainda teve gentinha reclamando que tava frio.



Por Matheus Bragansa

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