NA CONTRAMÃO DO EXCESSO, O DESFILE DA BEIRA PARA O SPFW

Por Nayara Freitas

A São Paulo Fashion Week N48 abriu as passarelas no último domingo, (13), para mais uma edição da principal semana de moda brasileira. Edição esta que foi a mais compacta dos últimos anos. Isso porque ao todo apenas 26 marcas e estilistas se apresentaram no evento. 

Nomes como Ellus, Bob Store, Fabiana Milazzo e Reinaldo Lourenço deram o ar da graça e apresentaram as suas respectivas coleções, cada qual deixando sua identidade e discursos bem demarcados na passarela. 

Mas confesso que minha atenção estava especialmente concentrada em um desfile que aconteceu no terceiro dia de evento. Esperava ansiosamente pela apresentação da Beira, da estilista Lívia Cunha Campos. 

Desde a estreia da marca carioca no SPFW eu simplesmente tenho acompanhado tudo sobre eles. E a cada temporada me surpreendo mais.

Em meio a coleções carregadas de muita informação, Beira apresenta uma moda clean, leve e fluida, porém, nada básica. 

Na ocasião do SPFW N46, a marca ainda carregava o peso de ser uma das primeiras filhas do Projeto Estufa - uma iniciativa da SPFW que visa ampliar possibilidades e coordenar movimentos que estão acontecendo em todo o mercado. Mas, entre tantos grandes nomes e respeitadas figurinhas carimbadas, Beira se destacou.

A coleção trazia peças em tons palha e pasteis, propositalmente descoloridas com tecidos de fibras de algodão ou seda, totalmente naturais. Os recortes das peças eram majoritariamente retos, privilegiando o conforto e o movimento, e as silhuetas bem amplas poderiam tranquilamente vestir homens e mulheres. 

Além disso o detalhe nos pés dos modelos me conquistou de vez. Todos usavam o tradicional All Star Converse, também destingido manualmente para que ficassem em harmonia com a paleta neutra da coleção. Incrível!

Foto: Reprodução / FFW

Nesta edição, a marca fez mais um grande desfile. Mesmo mantendo fortemente a identidade minimalista, Beira não decepcionou ao reafirmar sua proposta de moda sem gênero. 

Dessa vez levando às passarelas um pouco mais de cor, Lívia campos apresentou uma coleção uniforme, com propostas muito parecidas, mas inteira em diferentes texturas e tons de azul.

Pelo efeito visual, as peças em linho e seda aparentavam terem sido tingidas à mão com tinta aquarela, de forma bem livre e abstrata, formando manchas e borrões.

Marca já registrada nos desfiles da Beira, os tênis All Star também não ficaram de fora e ganharam o mesmo tingimento das roupas. 

Quem esteve por lá, afirma que a potência da coleção se eleva com a experiência de vê-la bem de perto ou tocar nos tecidos. De fato, é impressionante como esse desejo é despertado pelas peças que mais parecem nuvens.