No primeiro dia do SPFW a Triton apresentou a belíssima coleção primavera/verão 2013 da marca. A estilista que assina a coleção Karen Fuke foi buscar inspiração em Tóquio. A cidade lhe entregou as estampas e os contornos urbanos necessários para que suas peças pudessem surgir na passarela um misto de traços urbanos com tradicionalismo.
O origami foi ponto de referencia para a estilista criar suas peças, baseadas nas dobraduras orientais tão conhecidas. A modelagem estruturada e firme, apareceu com desdobramentos de gola em camadas, detalhes nos vestidos e na assimetria dos casacos de alfaiataria. Mas a técnica também foi colocada nos acessórios, as pulseiras em especial pareciam feitas de papel, mas o acrílico foi a matéria prima principal. A arte origami consiste em um determinados grupos de dobras diferentes que acabam por criar formas e desenhos complexos sem intervenção de outros materiais. Essa arte secular é praticada no Japão desde 1603 e são de uma delicadeza e precisão admirados por todo o mundo que reaplica a arte por ai até hoje. Não há alguém que jamais fez um origami em casa. A lenda diz que se você conseguir fazer mil garças japonesas de papel, você terá direito a um pedido. Quer tentar? A Triton foi super criativa em usar um conteúdo para inspiração tão caricato e saturado como é esse oriente, e criou looks inovadores e modernos sem entregar mais do mesmo.
O artista plástico Lucas Simões desenvolveu essas colagens com elementos diversos da arquitetura de Tóquio e mesclou com os traços da cidade de São Paulo. Esse lindo trabalho foi usado em variadas estampas com essa pegada arquitetônica, geométrica e maximizada. Escadas, janelas e prédios foram usadas no ilusionismo da espetacular estampa da marca, que realmente chamou a atenção. Um trabalho detalhado e rico. As modelos vestiram obras contemporâneas na passarela, a tela virou tecido e envolveu com arte o nosso próximo verão. A evolução da coleção de acordo com a entrada das modelos deu um ótimo resultado. A mudança das cores acinzentadas e frias para as vibrantes e quentes foi quase imperceptível, foi de leve, gradual. Quando as estampas florais apareceram e trouxeram cores mais quentes para o desfile foi revigorante. E lentamente vieram o rosa, o vermelho e o laranja em estampas florais e alegres da cultura japonesa. A cerejeira enfeita a primavera do Japão quando o frio e a neve se vão, as Sakuras colorem as ruas e os templos. A paleta decrescente do rosa claro até o branco, foram também usadas nas peças da coleção.
Apesar do lindo trabalho de estamparia e do resultado moderno da temática usada, algumas peças muito me lembraram kimonos tradicionais do japão. O acabamento dessa peça em particular me lembrou muito a amarração de um obis. Podiam ter pensado em soluções mais eficientes e originais para finalização dessa peça que ficou parecida demais com as usadas pelas gueixas. Aproximou demais e beirou a fantasia de festa. Quase um cosplay.
Mas dada as ressalvas, os olhos pulam das órbitas por conta de tanta vivacidade e luz na passarela. A Triton está de parabéns. Como outros desfiles do Fashion Rio e do SPFW dessa temporada verão 2013, a marca também apostou nas maxi peças dos anos 80. Muita gola, ombreira, manga e blazer oitentista estruturado. O maxivolume reinou na parte superior dos looks, apesar de algumas saias e vestidos rodados. Calças largas, blusas largas, tudo largo. É isso produção? Para a próxima estação tudo vai vir largo? É. Por ai. O maxi dos anos 80 voltou e veio pra ficar. Os tecidos brincaram entre texturas, misturando jacquard, seda e cetim. E por fim a marca mostrou looks quase monocromáticos, verde, roxo e azul, numa estampa interessante, dobraduras de papel brilhante, ou algo semelhante ao plástico. Um embrulho. Que deu um lindo efeito para encerrar o desfile.
Atenção especial para esse sapato plataforma reta, uma linda referencia as sandálias de pau usadas pelos japoneses tradicionalmente, conhecidas como Geta. Lembram mais ainda as sandálias Okobo das gueixas. Super #gueixafeeling. Assim que a gente gosta, quando criatividade é a palavra.
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