Existe uma ilha chamada Manhattan, que se difere de muitas outras por ser caprichosa uma vez que tomou para si o Central Park, Estátua da Liberdade entre outros pontos turísticos famosos no mundo todo. Mesmo com capricho não se julga auto suficiente e, diferente da maioria, se encontra cercada por diversas porções de terra, ao invés de se isolar no meio do mar. Manhattan é bela, gosta de ser vista, visitada e atrai pessoas de diversas etnias, comportamentos, personalidades. Manhattan atraiu Carrie Bradshaw.
Existe uma ilha chamada Manhattan onde reside Carrie com pouco mais de trinta anos que não mora em uma bela casa própria. Hà um tempo atrás não seria possível imaginar que uma mulher assim pudesse ser considerada como bem sucedida. É um reflexo da mudança de comportamento das mulheres em geral. Com o aumento do grau de instrução das mulheres, aumentou sua importância na sociedade, sua colocação profissional e sua independência financeira. Se em um cofre pode haver dinheiro, jóias, obras de arte valiosas, no closet da jornalista Carrie há Manolo Blahnik. Talvez com a venda de alguns exemplares seria possível a compra de um apartamento em um bairro respeitável de Nova York mas Carrie Bradshaw não se desfaria de seus tesouros. O apartamento alugado em Upper East é de grande estima e também um belo e característico cenário para sua história.
Existe uma ilha chamada Manhattan onde Carrie corre elegantemente e chama por um taxi abanando o pulso em meio ao trânsito caótico. Nas ruas de trafego constante de carros e pessoas Carrie não passa despercebida. Em uma cidade onde se concentra fashionistas, grandes agências de modelos e de lojas de grife, não há como ignorar seus figurinos. Não se trata simplesmente em gastar milhares de dólares em lojas renomadas, misturar sem critérios diversos estilos ou copiar modelos de revistas. Trata-se de expor a própria personalidade através do estilo, que pode ser composto, e decodificar o momento interior tornando-o compreensível aos olhos de quem vê. Carrie não se veste por futilidade, consumismo e sim com uma certa poesia. Se um poeta se inspira em um fato, momento, emoção, lugar ou pessoa para escrever, Carrie faz o mesmo para se vestir. Não é de extrema necessidade que uma tendência seja lançada por estilistas, nem que um acessório antes dado como ultrapassado seja resgatado por consultores especializados. Carrie não precisa seguir padrões de moda pois ela mesma os cria.
Existe uma ilha chamada Manhattan onde muitos procuram a felicidade. Por se tratar de algo primordialmente abstrato, a felicidade passa a ser materializada em "algo" para se conquistar. Pode se levar algum tempo até que se defina o "algo" que trará a felicidade e um tempo maior ainda até que o mesmo seja adquirido e com sorte, que resulte no sentimento de felicidade. Carrie buscou bravamente entre tropeços, ferindo e sendo ferida, materializar o que para ela traria a própria felicidade. O "algo" para se conquistar atende pelo nome de John mas é mais conhecido por Mr. Big. Passar o resto dos dias dormindo e acordando ao lado do homem que ama, tornou-se para Carrie um objetivo a ser alcançado. E ela alcançou. O amor talvez seja, de todos os traços emocionais de uma mulher, o que mais insiste em permanecer dominante e imutável ao longo de tanto tempo e mudanças de comportamento. Não importa a era, a cultura, a raça, uma mulher, mesmo que secretamente, mesmo que não saiba, deseja ser amada.
Existe uma ilha chamada Manhattan, um lugar efervescente com mais de 1 milhão e meio de pessoas e com a mesma quantidade de chance de se sentir só. Para o filósofo Aristóteles, o número máximo de amigos verdadeiros que uma pessoa pode ter é 5. Carrie é modesta e possui 4 amigos com os quais divide suas alegrias, anseios, vitórias e derrotas, sendo que 3 formam sua família. Não que o Stanford seja menos importante, mas não é tão presente quanto Miranda, Charlotte e Samantha. Cada uma com uma característica marcante e cada característica fazendo parte da Carrie, tornando-a várias em uma e uma em todas e todos, pois existe uma Carrie em cada um de nós. Seja homem ou mulher, pois a própria não faria distinção. A capacidade de acertar, errar, se arrepender, cair, chorar, ser rejeitada, correr, apaixonar, trair, rejeitar, tentar, falar, ouvir, desistir, tentar, conseguir, buscar, buscar... Tudo tão Carrie, ou seja, tão humano. Não se trata de uma discrição de uma personagem de livro que virou série e filmes, Carrie Bradshaw é o retrato bem vestido, que aprecia uma taça de cosmopolitan, da mulher moderna e que mostra as dúvidas, certezas, convicções, comportamento presentes em mulheres e muitos homens deste século.
Existe uma ilha chamada Manhattan onde vive Carrie Bradshaw.
Existe uma ilha chamada Manhattan, que pode ser você ou eu, onde vive Carrie Bradshaw.
Existe uma ilha chamada Manhattan.
Matéria escrita por Caroline Rodrigues.
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