Por Matheus Bragansa
Reinaldo Lourenço sabe habitar a contradição. Sua heroína navega entre a realeza punk grunge, mixando o romantismo monárquico com subculturas do fin de siècle, à leveza de rendas candy color e o brilho dos vestidos com laços e babados.
Há uma excelência em criar um efeito de unidade entre looks, pretensiosamente, inconciliáveis, pois há, em toda a coleção, um tom que retorna. Um tom que diz respeito à imagem plástica das roupas e à atmosfera que elas criam.
Nas mãos de outro estilista, talvez essa coerência narrativa fosse impossível. Mas aqui, roupas são mais que roupas. Elas são um efeito estético, que dá conta de criar uma linguagem que desestabiliza paradigmas de fixidez.
O desvelamento das estruturas galácticas será sempre uma hipótese permanente. Tal como a identidade de qualquer ser humano, que nunca vai saber na totalidade quem realmente é. Nesse vácuo de significado, Glória Coelho cria um chão. No meio do espaço, transitório e flutuante, sua heroína parece resistir ao abismo.
Suas roupas da primavera verão 2020 demonstram - através de cortes primorosos de um colete, blazers que dão vazão a tecidos fluidos, vestidos longos retos e absolutos - um jogo de encaixe em que armaduras pretas se analogam a tecidos brilhantes prateados, casacos pesados se contrapõem a vestidos fluidos, como a lindissima surpresa rosa ao final do desfile.
O que poderia ser uma peça que não se encaixa, nas mãos de Glória, se transforma em respiro visual, existencial. No decorrer do desfile, a estabilidade emocional dos looks é impressionante, pois se modifica, mas jamais se desliga da própria coerência.
Na passarela de Gloria Coelho na SPFW N48, o espaço se faz roupa, e cria um chão fixo, porém múltiplo, num mundo em que não há mais parada.
Suas roupas da primavera verão 2020 demonstram - através de cortes primorosos de um colete, blazers que dão vazão a tecidos fluidos, vestidos longos retos e absolutos - um jogo de encaixe em que armaduras pretas se analogam a tecidos brilhantes prateados, casacos pesados se contrapõem a vestidos fluidos, como a lindissima surpresa rosa ao final do desfile.
O que poderia ser uma peça que não se encaixa, nas mãos de Glória, se transforma em respiro visual, existencial. No decorrer do desfile, a estabilidade emocional dos looks é impressionante, pois se modifica, mas jamais se desliga da própria coerência.
Na passarela de Gloria Coelho na SPFW N48, o espaço se faz roupa, e cria um chão fixo, porém múltiplo, num mundo em que não há mais parada.
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